quinta-feira, 29 de março de 2018

HÁ UM TIPO DE CULTO QUE NÃO SATISFAZ A ALMA


“Porque satisfiz a alma cansada, e toda alma entristecida saciei” – Jr 31.25.


Muitos afirmam diante dos que questionam a mesmice, chatice e previsibilidade de nossos cultos: “O culto é para Deus”. Muito bem. O culto, de fato é para Deus. Reunimos-nos para cultuá-Lo, para adorá-Lo visto ser Ele digno de toda a honra, toda glória e todo louvor que possamos Lhe tributar.

Entretanto isso significa que esse culto, geralmente realizado em um lugar a que aprendemos a chamar de “igreja”, culto esse que é de acordo com nossas peculiares formas denominacionais, tenha de ser caracterizado por uma incontida insatisfação? Esse sentimento é causado pela pouca inspiração para a vida que esses cultos nos trazem. Há cultos que são extremamente maçantes, previsíveis, monótonos, sem vibração. E muitos dizem: “É para Deus”. Pergunto-me se Deus também, assim como nós, não têm gosto ou sentimento. E também indago se Ele não observa a insatisfação causada em alguns de nós por causa de reuniões cansativas, sem vida e sem criatividade. Obviamente que sim. E o texto do profeta Jeremias que está no início da presente reflexão nos afiança que Ele é Aquele, aliás, o Único, que pode satisfazer o cansaço da alma e saciar a alma entristecida. A Nova Versão Transformadora verte a passagem da seguinte maneira: “Pois dei descanso aos exaustos e alegria aos aflitos”.

Isso posto, quero questionar de forma aberta aqueles que dizem que o culto é para Deus e com isso estão querendo dizer que não importa que o culto seja predominantemente musical, com grande quantidade de cânticos e muitos desses de qualidade duvidosa. Não importa também se é gasto parte do tempo do culto com grande quantidade de avisos, muitos deles absolutamente desnecessários visto que, na maioria das vezes, as igrejas possuem multimídia e esses avisos, principalmente os que têm a ver com os trabalhos da congregação durante a semana, podem ser passados no telão. Outros tipos de avisos até podem ser falados pelo dirigente, porém isso precisa ser de forma sábia, sem preencher vários minutos preciosos. Importa também falar sobre a falta de respeito sobre as pessoas que estão na reunião quando aquele que dirige o culto quer que façam algo, por exemplo, quando mandam a toda hora virar para o irmão do lado e falar isso ou aquiloutro, ou repetir jargões “gospel” dentre outras coisas.

Acaso não é isso agravado também pelo fato, de que nem sempre a Palavra de Deus é devidamente pregada, ou lhe é dada a devida prioridade no decorrer do culto, o que causa em muitos cristãos exaustão, insatisfação e tristeza?

Realmente, há um tipo de culto que não satisfaz a alma. Um culto que não prioriza Deus naquilo que deveria ser feito, ou seja, um culto com todas as partes em harmonia. A música usada no louvor a Deus, por exemplo, deveria ser com qualidade, piedade e na medida certa (claro que muitas vezes é assim, mas nem sempre e isso está se tornando a norma em alguns lugares). Em minha denominação é irritante observar em um culto com duas horas de duração, um número enorme de cânticos, tomando o tempo que deveria ser da Palavra de Deus, e isso antes mesmo da pregação oficial. Não estou apregoando o fim da música nos cultos, longe disso, mas sim racionalidade e bom senso. E quero acrescentar que muitos cantores e muitas canções são horríveis, de muito mau-gosto e muitas letras sem consonância bíblica, algumas são mesmo feitas para vender, comerciais e ainda outras são heréticas e há muitos que nem se apercebem disso.

A música deve ocupar uma pequena parte do tempo de culto. Ela não pode tomar o tempo da exposição e ensino das Sagradas Escrituras. A música deve ser de qualidade e com letras embasadas na Bíblia somente.

Em nenhum lugar das Escrituras, para nós cristãos notadamente o Novo Testamento, está determinado por Deus de que o culto deveria ser de um padrão único, absoluto. O Espírito Santo deixou-nos à vontade quanto a isso, as formas e expressões cúlticas não se caracterizam por um “absolutismo” bíblico, mas é preciso que se diga que algumas coisas como a oração, a leitura, meditação, estudo e pregação das Sagradas Escrituras, o cultivo da “koinonia”, a comunhão entre os santos em Cristo, o compartilhamento mútuo dos dons, ou seja, a participação de todos ou quase todos (visto que hoje o que predomina é o culto onde existe uma plateia que assiste passiva a performance de uma “elite” sacerdotal) são coisas que devem permanecer ou ser “redescobertas” pois algo já se têm perdido em nossos dias.

Se nisso que descrevi, ou seja, a oração, a leitura, meditação, estudo e pregação das Sagradas Escrituras, o cultivo da “koinonia”, a comunhão entre os santos em Cristo e o compartilhamento mútuo dos dons, fossem devidamente valorizados e aprofundados, teríamos uma base excelente para termos cultos que fossem verdadeiramente inspiradores, voltaria a alegre expectativa da presença de Deus conosco. Não me levem a mal os que pensam diversamente, mas a tradição, o formalismo e o legalismo de muitos têm contribuído para esse estado de coisas, muitos acham que inovar, usar a criatividade é algo indesejável ou mau em si, pois imaginam que não se deve mexer naquilo que foi consagrado pelo tempo.

Ora, meus irmãos, o que foi relevante em épocas passadas necessariamente poderá não ser hoje. É interessante como muitos não refletem, procurando entender o que a Bíblia diz acerca da Pessoa de Deus, não estudam Seus atributos para discernir que somente Ele é Eterno, Perfeito e Imutável (Is 57.15; Ml 3.6; Hb 13.8) e que o homem em tudo disso é oposto a Ele. O homem é, por natureza, finito, falho e mutável em si e em tudo o que faz. A Bíblia categoricamente fala que a existência humana é como a erva do campo (Is 40.6; 1Pe 1.24). Se isso é assim concernente ao homem, tudo que é produto da ação humana, tudo que é próprio de sua cultura, imperfeito como é, é passível de questionamento e mudança conforme o caso.

Podemos adorar a Deus, cultuá-Lo de maneira agradável e nisso também estará a ministração de Cristo, por meio do Espírito Santo, para aliviar o cansaço de nossas almas. Jesus mesmo disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). E ainda nos versos 29 e 30 Cristo confirma que nEle encontraríamos descanso para nossas almas e que Ele nos disponibiliza Seu jugo, mas este é suave e leve. Bem diferente dos jugos humanos que cansam, são enfadonhos, entristecem, aborrecem, dão fastio. E isso acontece de fato em muitos daqueles momentos que vamos nos reunir para adorá-Lo.

Penso que jamais foi a intenção de Deus que o culto a Ele fosse algo chato, sem graça, enfadonho o qual muitos deveriam fazer por mera obrigação e não como algo prazeroso em si. Creio que o Senhor deseja que alegremente celebremos nossa salvação sem o fardo da mera religiosidade humana.

Que possam cessar a exaustão e falta de alegria em alguns de nossos cultos e isso pelos motivos que abreviadamente discorremos. É verdade que conta em primeiro lugar a condição do coração do adorador, mas também devemos ser sábios, inteligentes em nosso louvor e adoração como escreveu o salmista: “Cantai louvores a Deus, cantai louvores; cantai louvores ao nosso Rei, cantai louvores. Pois Deus é o Rei de toda terra, cantai louvores com inteligência” (Sl 47.6,7).

Pense nisso

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

SEJAMOS CRISTÃOS CONSOLADORES!

UM DOS MALES da comunhão cristã é a ausência de cristãos "consoladores". Os males da vida por vezes empurram-nos para a vala comum da tristeza, da desilusão, da falta de perspectiva, da sensação de abandono e solidão e, por vezes, para a caverna profunda da depressão.

É QUANDO OLHAMOS em derredor e não conseguimos encontrar interlocutores fiéis que nos ouçam, usem de empatia e, pela graça de Deus sejam consoladores inspirados e bálsamo para a ferida do aflito.

ALIÁS, A FERIDA DA ALMA é, por vezes, extremamente dolorida, Sua dor nem sempre é minorada rapidamente, por vezes perpetua-se por longo tempo conforme o problema em questão e a estrutura emocional e espiritual do afligido.

POR ISSO É TÃO IMPORTANTE e fundamental no seio do Corpo de Cristo homens e mulheres que fielmente exerçam esse ministério. Que sejam discretos, sensíveis à dor do próximo, leais, benignos, longânimos, amorosos e tenham em grau elevado sua mente cativa à mente de Cristo. Ou, por que não dizer, que tenham mesmo em plenitude a mente de Cristo (1Co 2.16).

NÃO É DESEJÁVEL que pessoas sem a sensibilidade trabalhada pelo Espírito Santo queiram atuar como consoladores ou mesmo conselheiros. Urge que saibam perceber, pelo Espírito de Deus, a dor do outro, o que lhe aflige, qual a razão de sua tristeza ou morbidez ou mesmo ansiedade. E pelo mesmo Santo Espírito poderão e deverão agir em prol do irmão angustiado para ministrar-lhe conforme a graça de Deus.

CONVÉM NOTAR que é muito lamentável quando, no seio de uma família cristã, por exemplo, haja carência desses cristãos consoladores, quando um dos cônjuges não se sensibiliza pela fraqueza ou dor do outro. Se um ficar amuado, isolado, cabisbaixo, triste e o outro não sabe abordar carinhosamente para oferecer ajuda. Eu disse entre cônjuges, mas bem pode ocorrer entre pais e filhos e vice-versa (considerando serem os filhos adultos).

TANTO NA COMUNHÃO dos cristãos, como Igreja de Cristo como no seio de uma família cristã, os cristãos consoladores deveriam ser abundantes e atuantes. Talvez a ausência desse tipo de cristão esteja no individualismo tão característico de nosso tempo. Cada um cuida de sua própria vida (e é bom que assim o faça) mas às vezes esse cuidado é tão absoluto, tão egoísta que não se criam condições adequadas na mente e coração do cristão individualista ao extremo para que ele cumpra esse ministério tão necessário nesse tempo tão conturbado em que vivemos.

ENQUANTO ESCREVO essas linhas, estou eu mesmo triste e atribulado por algumas situações em minha vida. Até agora não encontrei alguém para conversar. Para o necessário desabafo, exposição dos problemas, esvaziamento do cálice existencial. Resolvi escrever esse texto como uma tentativa de auto-consolação. Claro, não vou aqui declinar o que se passa. Mas escrevo refletindo o momento, analisando a situação e isso serve para minorar de certa maneira a ansiedade e tristeza interiores.

TAMBÉM É BOM que se frise de que há certas situações em que deveremos administrá-las sozinhos, sem o concurso de consoladores humanos, mesmo que eles estejam por perto, disponíveis. Há situações que são somente entre o cristão e o seu Senhor. Jesus mesmo vivenciou isso na agonia do jardim do Getsêmani, mesmo estando por perto seus amigos. No momento de sua mais intensa agonia era Ele somente e o Pai (Mt 26.36-46; Mc 14.32-42; Lc 22.39-46).

MAS O FOCO dessa breve reflexão está nos consoladores humanos. Eu desejo ser um deles. É muito ruim não ter alguém em quem confiar, a quem possamos recorrer e abrir o coração. Mesmo que ele nada diga naquele instante. Mas sua presença amorosa e amigável é por demais preciosa para que seja dispensável. Todos poderemos, na unção do Espírito Santo, ser alívio e consolo para o cansado, entristecido, atribulado, amargurado, decepcionado, estressado, ansioso, enlutado, enfim. Todavia, é preciso que tenhamos cuidado para que não sejamos como Elifaz,  Bildade e Zofar, os amigos de Jó que, ao saberem de sua situação, vieram consolá-lo (Jó 2.11), entretanto, Jó teve a infelicidade de constatar que eles eram "consoladores molestos" (Jó 16.2 - ARC) ou "péssimos consoladores" (NVT) ou então "consoladores importunos" (Bíblia de Jerusalém).   

O ESPÍRITO SANTO é o consolador por excelência (Jo 14.16,26;16.7). E também é mestre, ensinador, professor (Jo 14.26;16.13). Que possamos pois aprender com Ele, em Sua bendita escola, a nos tornarmos também, à Sua semelhança, consoladores fiéis de nossos irmãos aflitos. Isso glorificará ainda mais a Pessoa de Cristo. E glorificar a Cristo é o ministério do Espírito Santo, o bendito Consolador (Jo 16.14).

MEU AMADO, minha amada, pense nisso!      

terça-feira, 11 de julho de 2017

CULTO DA VITÓRIA? JÁ TENHO VITÓRIA EM JESUS !!!


SOU UM CRISTÃO PENTECOSTAL e, como tal, sou daqueles que gostam de um culto avivado, animado, alegre. Não gosto de cultos formais. Daqueles que não se pode glorificar a Deus em alta voz. Onde a extrema solenidade e quietude te levam a pensar se você está em um momento de adoração ou em um velório. Ressalto, entretanto que não desconsidero os momentos contemplativos no culto que podem e devem ocorrer em um culto genuinamente pentecostal. Louvores, brados de alegria, momentos musicais feitos com excelência e com letras biblicamente inteligentes, oração, manifestação dos dons espirituais, tudo isso é inerente a um culto avivado, que esteja sob a égide do Espírito Santo.

CONVÉM QUE SE RESSALTE, PORÉM que esse mesmo culto não pode ter o “avivalismo” como foco principal. Crentes em Jesus precisam ser eficazmente edificados. Crentes em Jesus precisam crescer à semelhança de Cristo, em Sua graça e conhecendo-O a cada dia (Rm 8.29; 2Pe 3.18). E isso somente ocorrerá primordialmente através da pregação bíblica e preferencialmente expositiva e do ensino bem articulado e sistemático das doutrinas bíblicas (1Tm 4.13-16; 2Tm 2.15, 24; Tt 2.1).

E DESSA MANEIRA é que me oponho aos assim denominados “cultos da vitória”. Me oponho porque em um culto da vitória, ressalta-se a solução das necessidades mais imediatas do crente em Jesus. Fazem-se “campanhas” de “sete semanas” por exemplo, para que o cristão obtenha de Deus a vitória em sua tribulação. Geralmente, são culto com “casa cheia”. As pessoas acorrem a essa modalidade de culto porque têm problemas e querem a solução da parte de Deus. Não negamos tal realidade. Mas é algo criado que vai gerar infantilismo e imaturidade contínua. Se o crente é ensinado de que deve buscar a solução imediata de seus problemas, onde fica o lugar do aprendizado da parte de Deus que sobrevêm exatamente através das lutas? Não está escrito que o Senhor nos disciplina para sermos participantes de Sua santidade conforme Hebreus 12.5-11?

AS SOLUÇÕES IMEDIATISTAS são apropriadas em uma cultura que valoriza o urgente e a total ausência de sofrimento. Todos nós queremos a solução de nossos problemas. Mas não imaginemos que é da vontade de Deus em solucionar tudo conforme nossos desejos e necessidades. Muitos dos problemas servem para que o Senhor nos conduza com segurança rumo ao amadurecimento e à semelhança com Ele. O apóstolo Paulo pediu que Deus removesse o “espinho em sua carne”. O que era esse tal “espinho” o texto não deixa claro, apenas informa que era um “mensageiro de Satanás” que o esbofeteava (2Co 12.7-10). Mas isso foi a oportunidade para que a graça se mostrasse de forma plena na vida de Paulo e, sem ser masoquista, longe disso, ele afirmou no versículo 10: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então sou forte.”  

É PRECISO QUE OS DISCÍPULOS de Cristo reconheçam que, biblicamente, já encontram-se em uma posição de vitória por causa da obra consumada na cruz do Calvário e a gloriosa ressurreição do Senhor Jesus. Essa vitória se confirmará quando nosso corpo mortal e corruptível se revestir de imortalidade e incorruptibilidade quando do retorno de Jesus conforme 1Co 15.51-55. O texto diz que a morte e o inferno serão totalmente derrotados e banidos e isto por causa da vitória já conquistada por Cristo. Esta vitória é nossa vitória conforme o versículo 57: “Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.”

TUDO ISSO QUE MENCIONEI até o momento, aponta na direção de uma cultura eclesiástica que realmente valorize o ensino apropriado das Escrituras. Que não negue falar a verdade bíblica e em amor. Que leve os crentes a entenderem que as lutas são inerentes a um mundo decaído acerca do qual o próprio Jesus disse que estando nele teríamos aflições, tribulações, lutas (Jo 16.33). O apóstolo João diz que esse mundo jaz no maligno (Jo 5.19). Mas tanto Jesus na mesma passagem disse que nos conferiria Sua paz como João ao escrever nos informa de que apesar desse mundo estar sob o domínio do mal, do pecado e de Satanás, entretanto, nós somos de Deus! Além disso, ele afirma nessa mesma epístola que todo o que é nascido de Deus vence o mundo e ele diz que a vitória que vence o mundo é a nossa fé. Fé no Senhor e em Sua obra consumada de uma vez para sempre.

POR ISSO REAFIRMO: É necessário o estabelecimento de uma cultura de ensino, aliás, um forte e substancioso ensino bíblico que nos leve ao entendimento sobre a natureza de nossa vida de fé e não nos curvemos ao espírito de nossa época que já contaminou a Igreja levando à criação de estratégias vãs e estéreis que mantém os crentes infantilizados porque ignoram o que Deus têm a dizer sobre nossa vida sobre a Terra. Portanto, são desnecessários os cultos de vitória. A real necessidade é de conhecimento da vontade de Deus conforme se encontra na Bíblia.

É TÃO VERDADEIRA A VITÓRIA do crente em Cristo, é tão firme sua posição na graça de Deus, que o apóstolo Paulo escrevendo aos cristãos de Éfeso (Ef 1.3-14), enumera pelo menos nove bênçãos que temos em Cristo por causa da vitória que Ele nos angariou: 1- Cristo ABENÇOOU-NOS com todas as bênçãos espirituais (v.3); 2- ELEGEU-NOS para sermos santos (v.4); 3- PREDESTINOU-NOS para sermos filhos (v.5); 4- FEZ-NOS AGRADÁVEIS em Deus (v.6); 5- REMIU-NOS pelo Seu sangue (v.7); 6- ABUNDOU PARA CONOSCO em toda sabedoria e prudência (v.8); 7- TORNOU Sua vontade conhecida (vv. 9,10); 8- DEU-NOS UMA HERANÇA (vv. 11,12) e 9- SELOU-NOS com o Espírito Santo (vv. 13,14). Além disso não nos esqueçamos nunca de que a Palavra de Deus nos garante de que em Jesus Cristo, somos mais que vencedores (Rm 8.37) pois Ele nos amou, e os versos 38 e 39 relatam uma série de fatores, tanto referidos a este mundo como ao mundo espiritual, que de maneira alguma poderão nos separar do amor de Deus. O crente já vive verdadeiramente em vitória, glória a Deus!

DIANTE DESSAS VERDADES tão maravilhosas, não podemos trocar aquilo que é bíblico, verdadeiro e saudável por tradições humanas que contribuem para enfermar a alma do povo de Deus por desconhecerem a natureza e as implicações da obra de salvação efetuada por nosso Senhor Jesus Cristo.

GOSTARIA IMENSAMENTE que nossas lideranças se pusessem ao lado da Bíblia. Que honrassem a Deus pela estrita obediência ao que está escrito. O Senhor não impede que em Sua obra usemos a criatividade com a qual Ele nos dotou e demonstra nossa semelhança para com Ele pois Deus é criativo. Mas não podemos, em nome dessa criatividade, inventar estratégias e estabelecer tradições e toda uma cultura eclesiástica que, repito, enfermará o povo de Deus pela ignorância de Sua vontade conforme tão bem exarada nas Escrituras.

O APÓSTOLO JOÃO indaga de maneira magistral: “Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1Jo 5.5).

CRENTES EM JESUS já temos a vitória nEle. Procuremos consolidá-la a cada dia conhecendo a natureza de nossa salvação.

POR UMA IGREJA PENTECOSTAL e evangélicas em geral mais reflexivas e mais apegadas ao ensino bíblico-doutrinário.


CONVÉM QUE pensemos nisso ......         

sábado, 26 de novembro de 2016

Um justo e um ímpio: incontornáveis contrastes .....

Com espaço de poucas horas entre a noite desta sexta-feira e a madrugada de sábado, morreram Russell Shedd, 87 anos, cristão, pastor e mestre no ensino das Sagradas Escrituras e Fidel Castro, 90 anos, ex-presidente e ditador comunista cubano.

As diferenças que pautaram as vidas vividas por esses dois seres humanos são enormes. Para nós, cristãos evangélicos brasileiros, Russell Shedd foi um gigante da fé. Para o mundo, notadamente aqueles que adotaram a ideologia marxista, Fidel Castro foi um herói e um exemplo a ser seguido. Quanta diferença, entretanto, encontra-se entre um e outro aos olhos da Palavra de Deus.!

Fidel foi um homem sanguinário. Em sua conta podem ser colocadas as mortes de milhares de pessoas. Tomou o poder através da luta armada em Cuba no ano de 1959. Mandou para o fuzilamento no paredón seus muitos oponentes. Cuba se tornou a primeira ditadura socialista na América Latina. Castro introduziu o planejamento econômico fazendo com que o país alcançasse níveis elevados de desenvolvimento humano e social, a menor taxa de mortalidade infantil do continente, a erradicação do analfabetismo e também da desnutrição infantil. Todavia, isto tudo veio acompanhado do controle estatal da imprensa e pela forte supressão da dissidência interna. Apoiou grupos armados em vários países para igualmente se sublevarem e tomarem o poder. Foi uma figura admirada e controvertida. Mais de um milhão de cubanos se exilaram nos EUA e em outros países. São inúmeros os que morreram nas prisões da ilha caribenha. Apesar dos progressos supra relatados, Fidel Castro é o responsável pelo empobrecimento da economia cubana. Mesmo assim, sua ideologia política e seu modelo de governo e liderança influenciaram a política de vários indivíduos e grupos no mundo inteiro.

Russell Shedd foi um extraordinário homem de Deus com qualidades morais que lhe deram reputação ainda maior que suas qualidades intelectuais.Nascido na Bolívia de pais missionários norteamericanos, veio cedo para o Brasil após obter sua sólida formação bíblico-teológica nos EUA e na Escócia. Após pouco tempo em Portugal, Deus o direcionou ao Brasil e aqui desenvolveu seu profícuo ministério. Foi professor durante muitos anos na Faculdade Teológica Batista de São Paulo e fundou a Edições Vida Nova que até hoje é vanguarda na produção de livros teológicos de excelência. Era profundo conhecedor do grego e competente exegeta. Vivia o que ministrava, nunca se tornou mercador dos muitos livros de sua autoria e não buscou a fama ou engrandecimento em seu ministério. Sua já proverbial humildade e simplicidade levava-o a dormir no chão, se necessário, conforme relato que tenho em um livro de um pastor nordestino que afirmou que, além disso, o dr. Shedd não se importou em comer comidas mais simples e também não reclamou do forte calor e das viagens cansativas pelo interior do sertão. Era essa postura que causava impacto a todos que de perto conviveram com esse admirável homem de Deus.

Acerca de Fidel Castro, seus admiradores como o filósofo Renato Janine Ribeiro escreveu no Facebook: “Em que pesem seus erros, merece saudades”. Sim, saudades de um ditador sanguinário. Saudades de um de um burocrata aproveitador do povo cubano. Saudades enfim de uma utopia sórdida chamada comunismo. Se Fidel Castro tinha boas intenções para com o povo cubano, foi à sua maneira, ou seja, com forte repressão das liberdades individuais, perseguição e morte dos dissidentes e enriquecimento pessoal às custas da pobreza generalizada do povo.

Russel Shedd, nosso saudoso pastor e professor não será comentado na grande mídia como o personagem histórico Fidel Castro. Não vai merecer uma análise de sua vida, exceto por aqueles que o conheciam e foram privilegiados pelo seu amorável convívio e seu ministério de ensino bíblico-teológico. Afinal, sua jornada foi outra, seu caminho foi estreito, a porta por onde passou era apertada. Não viveu para si mesmo, não procurou lucro para si mesmo, não matou outros seres humanos, longe disso. Alimentou e deu a vida de Cristo a muitos por meio de seu ensino e pregação. Sobre ele podemos aplicar estas palavras conforme Isaías 32.8 na versão Almeida Revista e Atualizada: “Mas o nobre projeta coisas nobres, e na sua nobreza perseverará”. Li e reproduzi este versículo tendo em minhas mãos a Bíblia Vida Nova, que foi minha primeira Bíblia de estudo, adquirida em 1989 e foi uma das obras primas de Russell Shedd.

Palavras de alguns políticos sobre Fidel ....... Nicolás Maduro, presidente e evidente ditador venezuelano disse: “Os revolucionários do mundo têm que continuar seu legado”.  O líder da China comunista Xi Jinping declarou que Fidel Castro “viverá eternamente”. Vladimir Putin, presidente russo, destacou o exemplo de Castro : “A Cuba livre e independente que criou ao lado dos correligionários converteu-se num membro influente da comunidade internacional e serviu de exemplo inspirador para muitos povos e países.”  Michelle Bachelet, presidente chilena destacou Fidel como “um líder pela dignidade e pela justiça social em Cuba e na América Latina.”

Pois bem, como disse, alguns no mundo vão homenageá-lo como herói e como inspirador líder. Mas seu legado foi de muitas injustiças diante de Deus.

Quanto a Russell Shedd podemos dizer como o autor da epístola aos Hebreus de que ele foi um homem do qual o mundo não era digno (11.38) pois foi um justo, um autêntico e dedicado servo do Deus vivo. Encontramos ainda nesta epístola esta notável passagem que podemos plenamente aplicar ao nosso irmão Shedd: “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a Palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver” – Hb 13.7 (ARC).

Segundo a Palavra de Deus, este receberá o prêmio de uma vida rendida a Jesus Cristo. O outro receberá o prêmio por suas injustiças. Um já entrou de posse de sua herança eterna em Cristo e está defrutando deliciosamente seu descanso na presença de Deus nesse exato instante. O outro está aguardando num lugar de sombras e fora da presença de Deus o Dia do juízo do Grande Trono Branco para ressuscitar e receber seu veredito final.

Contrastes inegáveis entre um justo e um ímpio. Contrastes imutáveis e incontornáveis. O mundo que não conhece a Cristo jamais entenderá a vida que viveu o justo Russell Philip Shedd. Entretanto, parte do mundo está lamentando e homenageando o ímpio e ateu Fidel Castro e alguns reputarão suas ideias e sua vida como um grande exemplo a ser seguido.
É aqui que deveremos lembrar mais uma vez o que diz as Escrituras: “Então vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus e o que não o serve” – (Ml 3.18). Um fielmente cuidou dos interesses eternos do Reino de Deus. O outro, se dedicou a erigir um reino pessoal entre os reinos dos homens. Interesses contrários, vidas divegentes, destinos diferentes na eternidade.  


Contrastes entre um justo e um ímpio. Sobre isso precisamos pensar.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Igrejados e desigrejados - uma breve reflexão

É NECESSÁRIA muita prudência e cautela ao abordarmos o tema eclesiologia nos dias complicados em que vivemos.


UM DOS ASSUNTOS mais falados dentro dessa temática é sobre igrejados e desigrejados. Por igrejados entendemos que são os crentes  membros efetivos de determinada denominação evangélica. Por desigrejados compreendemos os crentes que não estão vinculados formalmente à alguma denominação.


PARA MUITOS os desigrejados estão desviados por não serem membros de igreja alguma (mesmo que isso seja temporário por algumas razões).


PARA OUTROS TANTOS os igrejados são cristãos meramente institucionais, ou seja, formais, nominais, faltando-lhes vigor espiritual ou mesmo real conversão.


NA VERDADE ambos, igrejados e desigrejados são mutuamente críticos. O amor fraternal que tanto Jesus e os apóstolos ensinaram nessas horas passa longe, muito longe.


INFELIZES OS DESIGREJADOS que afirmam que deixar as denominações é a salvação do Cristianismo contemporâneo. Não é. O Salvador ainda é Jesus!


INFELIZES OS IGREJADOS que afirmam que reunirem-se os cristãos fora das paredes de um templo é sinônimo de apostasia. Não é. Jesus está presente onde pessoas se reúnem em Nome dEle. Lugar aqui é secundário.


DESCONSTRUCIONISMO é a intenção chave em muitos desigrejados. Acham que vão reinventar o Cristianismo e lançam fora de forma absoluta ou quase absoluta, tudo que se refere às denominações cristãs. Intentam reconstruir tudo em novas bases. Nada ou quase nada de bom enxergam onde outrora congregavam. Querem reduzir tudo a cinzas e reerguer a fé sobre postulados próprios.


HIPERCONSERVANTISMO é a atitude básica em muitos igrejados. Não admitem postulados que questionem as evidentes falhas e negações da igreja institucional. Querem conservar tudo como sempre foi desde o início e marginalizam todos os que ousam se opor às suas sagradas liturgias, teologias, costumes, etc.


EM TUDO ISSO fica o solene aviso: Jesus Cristo, Ele unicamente, é o Senhor da Sua Igreja. Disso Ele não abre mão. E Ele têm servos fiéis tanto dentro como fora das denominações. Querem uma prova de que Ele acolhe tanto igrejados e desigrejados? Leia o que Ele disse para João e demais discípulos em Marcos 9.38-41. Leia com calma, leia meditativamente. E procure entender a mensagem de Cristo. Ela se aplica perfeitamente ao que vivenciamos hoje.

VOCÊ AÍ servo de Cristo, igrejado ou não, desigrejado ou não. Jesus te salvou. Ele é teu Senhor. Ele te capacitou. Ele lhe propôs uma missão. Seja tão somente fiel, ame a Deus, ame aos irmãos (igrejados e desigrejados) e prepare-se para receber o bem-vindo de Jesus em Seu Reino naquele grande Dia.

ENCERRO PARAFRASEANDO a passagem de Gálatas 6.15,16: “Porque em Cristo Jesus nem o ser igrejado nem o ser desigrejado tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura. E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus.”

ROGO A TODOS: pensem muito sobre isso !!!  



quinta-feira, 14 de maio de 2015

Ainda hoje o Senhor Deus opera milagres?

Essa é uma pergunta difícil de responder. Visto que, se disser que não há mais milagres hoje como nos tempos bíblicos, estarei de mãos dadas com os céticos de plantão. Por outro lado, se disser que pululam aqui e ali milagres contínuos e extraordinários, também não estarei sendo correto em minha opinião visto que é evidente que não se operam tantos milagres como naqueles tempos. Não que Deus tenha mudado, visto ser Ele imutável (Ml 3.6; Hb 13.8). Mas os homens sim, mudam e continuam a mudar.

Como deveríamos, sendo crentes em Jesus Cristo, nos posicionar diante de tal pergunta crucial?

Certamente que para aqueles que conhecem ao Deus das Escrituras, é perfeitamente aceitável o fato de que o Senhor opera quando, como e onde quiser. Mas os incrédulos neste Deus Trino, Poderoso, Onipotente, Criador dos céus e da terra continuarão a olhar e não crer.

Porém, o pior é quando aqueles que se dizem seguidores de Jesus Cristo, negam o agir de Deus na história da Igreja e ousam afirmar a cessação dos milagres após o período apostólico. John C. Whitcomb, professor de Teologia e Antigo Testamento no Seminário Teológico Grace em Winona Lake, Indiana, EUA, escreveu um pequeno livreto de 16 páginas sob o título “Deseja Deus que os Crentes Operem Milagres Hoje?”  para tentar refutar a operacionalidade dos milagres divinos atualmente. No último parágrafo ele escreve: “Portanto, a história da Igreja confirma as evidentes inferências das Escrituras, que os sinais de milagres, de todos os tipos, cessaram com a morte dos apóstolos.”

Entretanto, Jack Deere, professor do Seminário Teológico de Dallas, Texas, também nos Estados Unidos, publicou um livro intitulado “Surpreendido Pelo Poder do Espírito” (CPAD) em que argumenta de forma categórica a sustentabilidade do operar de Deus no decorrer da história. Ele declara que foi um cético antes de passar a crer no agir sobrenatural de Deus ainda hoje: “Eu lia os evangelhos e o livro de Atos através das lentes da hermenêutica anti-sobrenatural, e, cada vez que chegava a uma história de milagre, elas me permitiam enxergar sua veracidade, mas filtravam qualquer aplicação que tivessem para os dias atuais. Como justificar a hermenêutica anti-sobrenatural? Onde, nas Escrituras, somos informados de que devemos ler a Bíblia dessa maneira? Onde, nas Escrituras, somos orientados a copiar os elementos não-miraculosos e a descartar a atualidade dos milagres?” (p.114).

E no capítulo seguinte de seu precioso livro, Deere apresenta algumas razões pelas quais Ele curava no passado e continua a curar em nossos dias visto que a Igreja pode ter mudado, mas o Senhor Deus continua o mesmo (Ml 3.6; Hb 13.8): 1) Deus cura movido pela compaixão e pela misericórdia; 2) Deus cura para glorificar a Si mesmo e a Seu Filho; 3) Deus cura em resposta à fé; 4) Deus cura em resposta às Suas próprias promessas (pp. 120-130).

Não há razão para argumentarmos de que o Senhor não opere mais milagres hoje. Isto está fora de questão. Precisamos argumentar em direção ao fato de que a compaixão do Senhor Jesus Cristo conforme demonstrada nos evangelhos, continua hoje tão válida quanto aqueles dias. Seu caráter bem como sua compaixão são perenes. Por isso escreveu o autor da Epístola aos Hebreus: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (13.8). 

Como bem argumentou Jack Deere: “Nenhuma dessas razões está alicerçada sobre as circunstâncias históricas que caracterizaram a Igreja do primeiro século de nossa era. Elas encontram-se arraigadas ao caráter e aos propósitos eternos de Deus. Se o Senhor curava no primeiro século da era cristã por estar motivado pela sua compaixão e misericórdia pelos que sofriam, por que retiraria Ele essa compaixão pelo simples fato de os apóstolos não se encontrarem mais entre nós? Não sente Ele mais compaixão pelos leprosos? Será que não se comove diante de um aidético? Se Jesus e os apóstolos curaram no primeiro século a fim de trazer glória a Deus, por que não iria permitir hoje que seu Filho fosse glorificado através do ministério da cura? Os propósitos bíblicos para a cura continuam válidos até hoje, À medida que nos alinhamos a eles, passamos a comprovar que, realmente, Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Ele continua a curar” (p. 131).

Assim diante das assertivas de Deere, firmo minha posição crendo no poder de Deus operante ainda hoje. Embora a igreja hodierna não seja como a igreja primitiva, sendo mais secularizada e por isso mais refratária a esperar grandes coisas de Deus, sem generalizações todavia, isso não significa que o Senhor não continue a operar milagres e curas das mais variadas enfermidades. Creio firmemente na operação de maravilhas da parte do Senhor. Creio que Ele pode operar o milagre da restauração de cegos e paralíticos de nascença bem como no poder dEle em ressuscitar mortos se assim Lhe aprouver.

Creio pessoalmente que Deus opera milagres ainda hoje. Aparentemente pode parecer, diante de minha finitude, que não sejam operados em profusão. Mas pela extensão da miséria que o pecado produziu e têm produzido nos seres humanos e pelo fato incontestável do caráter do Senhor do Universo, temos de aceitar que, certamente, Ele está ativo no mundo de hoje, operando prodigiosamente quando e como quiser. Os títulos de dois dos livros mais famosos de um grande pensador cristão como foi Francis Schaeffer não nos deixam esquecer disto: O Deus Que Intervém (no original em inglês “The God Who Is There”) e O Deus Que Se Revela (“He Is There and He Is Not Silent”).

Deus Pai foi glorificado por meio da obra consumada na cruz por Seu Filho amado, o Senhor Jesus Cristo e continua a ser glorificado hoje através de milagres que pode e efetivamente têm operado (principalmente a conversão de pecadores empedernidos), visando o bem-estar dos homens, mas acima de tudo, para ser glorificado por todos que nEle creem. 

Pense nisso .....      


sábado, 21 de fevereiro de 2015

A íntima relação entre um método hermenêutico adequado e uma igreja saudável


É inegável sob todos os aspectos, de que vivenciamos na igreja evangélica de nossos dias e em nosso país, uma crise espiritual que afeta de forma inequívoca a integridade bíblica que lhe deveria ser peculiar. 


Contemplamos estarrecidos as bizarrices e desvios doutrinários que foram introduzidos na Igreja e perguntamos: A falta de saúde da igreja evangélica brasileira não estaria relacionada à uma prática hermenêutica enferma? O que contemplamos no cenário eclesiástico evangélico acaso não aponta para um doente na UTI (a Igreja) que precisa de rápidos e atentos cuidados para que ela recupere em tempo sua vitalidade bíblica? É sobre isso que discorreremos a seguir.

Nunca foi intenção de Deus de que Seu povo em todas as épocas da narrativa bíblica, ficasse sem Sua orientação e cuidado. Desde o Éden, passando pelos patriarcas hebreus, na formação da nação israelita e no período monárquico, após o exílio e chegando aos tempos neotestamentários, o Senhor procurou conceder aos Seus servos a segurança e firmeza de estatutos e mandamentos que lhes proporcionassem uma espiritualidade sã. Sua revelação proposicional contém em si mesma a vitalidade necessária que, em todas as épocas da história do povo de Deus balizou a relação com o Todo-Poderoso.

É aqui que que se compreende a necessidade de que os cristãos precisam interpretar corretamente a Palavra que lhes foi revelada visto que ela mesma atesta que há pontos de difícil interpretação (2Pe 3.16). Por isso mesmo, a Igreja na contemportaneidade, mais do que em todas as épocas antecedentes, tendo em suas mãos o cânon em sua forma final, precisa de um modelo de interpretação bíblica capaz de levar o cristão a compreender o sentido original pretendido pelos autores bíblicos.

Não é uma tarefa leve. Tampouco é uma tarefa como outra qualquer. Especialmente em se tratando da revelação divina, as palavras de Deus outorgadas a mais de quarenta autores no decorrer de muitos séculos, urge que o cristão compreenda que são palavras divinas veiculadas em três idiomas humanos diferenciados (hebraico, aramaico e grego) incluindo aí igualmente as formas gramaticais, as figuras de linguagem, os tipos de textos tais como poesia, história, profecia, etc. . Há abismos reconhecidos para a compreensão da Palavra de Deus e eles podem ser cronológicos, geográficos, culturais, literários, linguísticos e destacaria dentre estes, o abismo espiritual ou sobrenatural visto que, embora escrito em linguagem humana por autores humanos, o Livro é de Deus, um Ser infinito e que não pode ser plenamente compreendido por seres finitos.

A interpretação portanto, de um compêndio dessa magnitude não pode ser leviana a ponto de se mistificá-la, com a tentativa vã de se encontrar “sentidos ocultos” em seu texto. Aqui estamos a repudiar a alegorização, a intuição, ou ainda uma interpretação existencialista que rejeita e mistifica a sobrenaturalidade fortemente presente nas narrativas bíblicas. Igualmente digna de rejeição são as interpretações de cunho humanista que, além de menosprezarem os milagres bíblicos, demonstram pela Bíblia somente um interesse literário e acadêmico. Também não se pode deixar de frisar a metodologia histórico-crítica que racionalizou sua hermenêutica a tal ponto que veio posteriormente a dar origem ao liberalismo teológico onde o predomínio não é da revelação sobre a razão, mas sim da razão sobre a revelação escrita de Deus.

Todas essas correntes há pouco resumidamente descritas farão com que a Igreja padeça de enfermidades espirituais que a descaracterizarão e que por fim podem lhe ser fatais.

Falamos anteriormente que Deus nunca deixou de se revelar ao Seu povo. E se Ele assim agiu, é certo que Ele mesmo trabalhou providencialmente para que um método único e verdadeiramente adequado fosse utilizado, que não corteja os extremos do misticismo ou do racionalismo e que se aplicado devidamente vai gerar sáude e vitalidade nas vidas dos cristãos e na fraternidade da Igreja. Falamos do método histórico-gramatical de interpretação das Escrituras. Seus princípios são linguística e historicamente coerentes assim como o caráter divino-humano das Sagradas Escrituras. Ela foi usada de maneira plena pelos reformadores que assim puderam repudiar veementemente a interpretação alegorista medieval da Bíblia. Outrossim, houve igualmente o destaque da importância fundamental da pessoa do Espírito Santo na interpretação bíblica em seu papel de iluminar o intérprete na compreensão das Escrituras.

Os idiomas originais passaram a ser devidamente considerados e estudados bem como a análise histórico-cultural dos textos bíblicos analisados. Convém frisar que este é um método que exigirá do intérprete e estudioso a dupla consideração perene de que, ao tratar de um livro que é divino-humano, ele haverá de manter uma atitude de oração e santo temor e trabalhar arduamente no entendimento do texto. O Espírito Santo vai iluminá-lo enquanto ele busca o “sensus plenior” (sentido pleno) da passagem em apreço diante de si.

Ora, isto é completamente diferente da pura mistificação no trato com as Escrituras ou à racionalidade esterelizante e tendente à incredulidade.

Portanto, creio na relação estreita entre o método hermenêutico histórico-gramatical que pelas suas características levará a uma exegese textualmente adequada e a uma prática de vida de fé que expressará a vontade do Deus Trino gerando assim uma Igreja cristã plena de bons frutos e saudavelmente bíblica.


Nosso país carece de igrejas com essa têmpera, solidificadas na fé, com uma teologia salutar e com uma pregação que veicule o autêntico Evangelho. Tudo isto só irá se sobressair se o método histórico-gramatical de interpretação tiver o seu devido e merecido lugar no trato que os homens e mulheres de Deus tiverem com as Escrituras, na diligência empregada no estudo do texto e contexto histórico e na confiança na ação iluminadora do Espírito de Deus.   

Pense nisso ....

sábado, 24 de janeiro de 2015

O Estado Islâmico, a violência humana e o juízo do Senhor

O RESPEITO do ser humano ´pelos seus semelhantes encontra amplo respaldo bíblico. Tanto pelo fato de termos sido criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26; 9.6), como pelo fato de que o Decálogo, depois de declinar sobre as obrigações do homem para com Deus, ensina do quinto ao décimo mandamento, acerca das obrigações do homem para com o seu próximo (Êx 20.12-17; 5.16-21). Jesus disse que amar a Deus tanto quanto amar ao próximo eram os dois mandamentos primordiais da Palavra de Deus (Mt 22.36-40; Mc 12.28-34; Lc 10.25-27).

TENHO FICADO enojado com a atitude de amplo desrespeito que os militantes muçulmanos radicais do EI (Estado Islâmico) têm ostensivamente demonstrado para com outros seres humanos, pelas maldades e atrocidades cometidas contra aqueles que pensam diversamente deles. 

AS MUITAS NOTÍCIAS que chegam pela web e demais meios de comunicação que declaram que eles fuzilaram e/ou decapitaram mais alguns prisioneiros, sequestraram, escravizaram e estupraram mulheres, crucificaram cristãos que negaram conversão ao Islamismo, doutrinaram crianças, no ensino da jihad (guerra santa contra os infiéis) inclusive fazendo com que algumas delas atirassem em prisioneiros, enfim, tudo isso causa um tremendo mal-estar em todos nós que temos o temor de Deus em nosso coração.

É VERDADE que muitos atos de desumanidade, de desrespeito pelo próximo, de ódios incontidos, tem sido testemunhados na longa história do homem sobre a terra. Desde quando, no relato bíblico, lemos que Caim matou a seu irmão Abel (Gn 4.8), a história da violência do homem contra o homem tem sido variada e constante. Obviamente, isto declara em alto e bom som de que houve uma Queda e que o homem passou a olhar seu semelhante, imagem e semelhança de seu Criador, como um inimigo a ser aniquilado

O QUE ME DEIXA deveras chocado é alguns se ufanarem de que vivemos em tempos modernos, progressistas, civilizados, como se a violência tivesse ficado no passado, limitada aos tempos antigos e que hoje o homem alcançou um patamar de superioridade moral em relação a seus antepassados. Quem pensa assim ou é louco ou é um grande demagogo. Todos os dias a mídia vomita sobre nós a cruel realidade de que os atuais seres humanos que habitam este planeta matam-se uns aos outros como se animais fossem.

DESDE OS PRINCÍPIOS da jornada do homem neste mundo, após a Queda, a violência tornou-se sua marca registrada. Em Gênesis 6.11 lemos: "A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência." A causa do mundo de então estar carregado de violência lemos no verso 5: "E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente." A maldade era algo fixo e constante nas mentes e nos corações dos antediluvianos.

O FILÓSOFO FRANCÊS Jean-Jacques Rousseau acreditava na bondade inata do ser humano. Ensinava que o homem nascia bom e que a sociedade o corrompia. Mas a Bíblia sempre ensinou, muito antes de Rousseau, que o pecado corrompeu todas as estruturas do indivíduo, de tal maneira que a inclinação de seu coração era para praticar o mal continuamente (Is 1.5,6). Jesus declarou de forma absolutamente enfática: "Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as fornicações, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem" (Marcos 7.21-23).   

A INSOFISMÁVEL CERTEZA que todos nós podemos obter desta presente situação, em que cabeças de seres humanos são decapitadas praticamente todos os dias em nome de uma ideologia demoníaca que se diz religiosa é que o ser humano não perdeu sua capacidade de infligir sofrimentos a outrem e de querer impor pela violência sua vontade aos outros que diferentemente pensam.

FOI POR ISSO que declarei acima que me enojo com as ações desses fascínoras travestidos de "religiosos". Que matam, estupram e humilham em nome de uma falsa religiosidade, de um falso deus, de uma falsa visão de mundo onde somente eles, acreditam, serão os senhores e todos os demais que não concordarem serão sumariamente mortos ou escravizados. 

SOU A FAVOR de que uma coalizão internacional ataque e elimine estes assassinos. Acredito que você poderá neste instante julgar minha opinião, visto que estou apresentando a violência humana como um fato com respaldo bíblico. Mas o que acontece é que estes bandidos não aceitam nenhuma espécie de trégua ou negociação. Como disse antes, eles querem impor sua vontade a todos, querem inaugurar seu "califado" ou reino islâmico (já conquistaram muitas áreas no Iraque e na Síria e dizem que invadirão Israel e a Europa, antes de chegarem por aqui). 

PARA ALCANÇAREM seu nefasto objetivo, matarão a todos que se lhes opuserem sem dó nem piedade. Escravizarão e estuprarão as pobres mulheres que capturarem. Imporão a sharia, a lei religiosa islâmica e esta não se caracteriza pela misericórdia, de forma alguma. Diante disso, convém lembrarmos que Hitler agiu da mesma forma na Europa, provocando a Segunda Guerra Mundial, pois sua ideologia, também era violenta e assassina. Foi necessária a união dos países aliados para fazê-lo parar antes que continuasse a massacrar judeus e outros povos.

ESTAMOS EM UM MUNDO que sofre os efeitos da Queda. Sendo assim, as atrocidades dos terroristas do Estado Islâmico são uma constante. A Palavra de Deus é desrespeitada a todo instante. O caráter sagrado da vida humana é aviltado e espezinhado vez após vez. Tristeza, choro e dor estão mais do que nunca na ordem do dia.

VOS APRESENTEI a violência humana como um fato ´testemunhado nas Escrituras. Mas a mesma Palavra de Deus igualmente nos apresenta o triunfo final da vontade de Deus quando Jesus vier.

AS COISAS NÃO FICARÃO assim para sempre. O Senhor reina soberano. Parece que Ele está alheio ao que se passa. Mas o texto sagrado informa que há um dia em que, finalmente, o Senhor se levantará para dar um basta e julgar os pecados dos homens. São várias as passagens, mas citarei somente duas: "Ele mesmo julgará o mundo com justiça; exercerá juízo sobre povos com retidão" (Salmo 9.8) e também Atos 17.31: "Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos." 

ESTIMULEMO-NOS UNS AOS OUTROS no tocante à esperança do juízo vindouro. Deus determinou um dia em que tudo isto que hoje nos causa aflição passará. Tomemos cuidado inclusive com os que apregoam que Deus não se importa conosco. Quem conhece ao Senhor e Sua Palavra compreende os acontecimentos deste derradeiro tempo em que vivemos como cumprimento da Palavra de Deus (Mt 24) sabendo que, mais do que nunca a volta de Jesus é iminente.

GUARDEMOS A PALAVRA DE DEUS em nosso coração (Sl 119.11), vigiemos e sejamos sóbrios (1Ts 5.6), sejamos santos (1Pe 1.15,16), andemos em Espírito (Gl 5.16), anunciemos o Evangelho (Mt 28.20; Mc 16,15,16; At 1.8). 

DEUS NÃO PERMITIRÁ que Sua Palavra seja desobedecida por muito mais tempo. Leia o que está escrito em Jeremias 22:3: "Assim diz o Senhor: Exercei o juízo e a justiça, e livrai o espoliado da mão do opressor; e não oprimais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem à viúva; não façais violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar." 

E AINDA: "O Senhor prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a sua alma."
Salmo 11.5.

ESSA É A VONTADE do Senhor. Pense nisso.